Escrito
por Jerônimo Mendes
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Ter, 11
de Outubro de 2011 11:53
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Os dias em que a economia
mundial era dominada pela agricultura há muito se foram. Por volta de 1750, a
força de trabalho mundial era composta de 90% de empreendedores ou autônomos:
pintores, ferreiros, agricultores, carroceiros, artesãos, comerciantes em
geral. Quem não estava a serviço do rei, do imperador ou da chamada
burguesia, fazia algo por contra própria para se sustentar.
A partir do século 18, a
Revolução Industrial tornou-se um marco decisivo no processo de
desenvolvimento humano e resultou em mudanças significativas no que se
conhecia até então como trabalho. Se, por um lado, a industrialização tornou
obsoletos alguns ofícios tradicionais, por outro, todos entendiam que os
objetos ou mercadorias que pertenciam a poucos privilegiados poderiam agora
ser de todos.
Com suas promessas de trabalho
ininterrupto e o fim da sazonalidade na agricultura, as exigências da
indústria não variavam: um só trabalho em um só lugar fazendo uma só coisa
até onde o trabalhador pudesse suportar. Essa nova filosofia de trabalho
acarretou uma demanda de tal esforço que os estudiosos da época acreditavam
que as pessoas comuns não fossem capazes de executá-la.
Com a reestruturação dos
hábitos de trabalhar, uma disciplina rígida, novos incentivos e uma nova
natureza humana, o historiador E. P. Thompson chegou a afirmar que “o
trabalhador inglês médio tornou-se mais disciplinado, mais sujeito ao tempo
produtivo do relógio, mais reservado e metódico, menos espontâneo e menos
violento.”
Dessa forma, criava-se então
uma nova maneira de arranjo social, de sobrevivência e de conduta humana; o
trabalho já não era mais o mesmo e um novo conceito começava a ganhar forma:
o emprego. Contudo, a transição para os empregos modernos foi lenta e gradual
e ocorreu em diferentes tempos e lugares.
Dois séculos e meio depois,
observa-se uma relação inversa, na proporção de mais de 90% de trabalhadores
para menos de 10% de empreendedores ou patrões ainda que o advento da
globalização tenha contribuído sobremaneira para a redução de 400 milhões de
postos de trabalho formais.
Da mesma maneira que a
Revolução Industrial pôs fim à Era da Agricultura, a Era da Informação e do
Entretenimento colocam fim à Era da Industrialização. De acordo com John
Gray, filósofo de Oxford e Professor da London School of Economics, a
indústria continuará ativa, mas a vida econômica já não é mais voltada
prioritariamente para a produção. Seus canhões estão direcionados para a
distração.
Segundo Gray, o imperativo que
comanda o capitalismo econômico atual não é mais a produtividade, mas a
possibilidade de manter o tédio à distância, onde a riqueza é a regra e a
maior ameaça é a perda do desejo. Nesse caso, a novidade não é o fato de a
prosperidade depender do estímulo da demanda, mas o fato de poder continuar
sem inventar novos vícios. Novas experiências tornam-se obsoletas mais
rapidamente ainda do que os produtos físicos, razão pela qual as empresas
apostam pesado na criação de novas tecnologias, brinquedinhos eletrônicos,
mídias sociais e tudo mais que possa entreter o potencial consumidor.
Por essas e outras razões,
drogas, sexo, humor, música, viagem, silêncio, culto ao corpo e narcisismo
viraram sinônimo de dinheiro. De certa forma, tudo o que possa nos distrair e
provocar uma relativa sensação de conforto são antídotos contra o
aborrecimento. A indústria do entretenimento percebe isso com mais velocidade
do que a nossa capacidade de consumo.
Na medida em que as tecnologias
avançam, a necessidade de consumi-las também avança, por estímulo próprio ou
indução. O fato é que os novos vícios não serão suficientes para aliviar o
peso de uma vida cada vez mais confortável e dependente de tecnologia,
afinal, toda essa parafernália não conseguirá reduzir a demanda diária de
trabalho de catorze para quatro ou seis horas, no máximo.
Torço para que tudo isso seja
apenas uma febre temporária. Já pensou se toda essa tecnologia – representada
por robôs baratos e altamente capazes - conseguir substituir o trabalho
humano a ponto de deixar todo mundo desempregado? O mundo não seria muito diferente
do que era até o século 18.
Pense nisso e seja feliz!
__________
Lembrando que nos dias 10 e 11 de Novembro, a partir das 19h00 teremos a 14ª Expo Empreender Uniuol, oportunidades, palestras, workshops, mostras culturais e muito mais em dois dias de empreendedorismo universitário.
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quinta-feira, 3 de novembro de 2011
A nova ordem economica
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